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Tuesday, June 21, 2005

 

... e ainda mais manifestação

Ainda a propósito de um poste de Daniel Oliveira, no Barnabé, sobre a tão celebrada manifestação, e de alguns comentários que foram feitos:

Não se pode regular por lei aquilo que as pessoas pensam. Não se pode legislar que ser racista é um crime. Ou melhor, pode-se, mas é tempo perdido. Pode-se no entanto legislar que é um crime agredir pessoas.

Quem se arrisca pelo caminho dos crimes de pensamento está a escolher uma estrada muito perigosa. Uma estrada que, estranhamente, a esquerda radical tanto gosta de trilhar. Porque essa estrada leva sempre ao totalitarismo.

Lutar pela liberdade para exprimir as ideias que nos agradam é fácil, mesmo que possa revelar-se perigoso ou até mortal. Muito mais difícil é lutar pela liberdade para que todos possam exprimir as suas ideias. Além de também mais perigoso. Mas muito mais compensador.

Não nego que o racismo, antes afirmo, para além de repugnante, é intelectualmente ridículo. Por esse mesmo motivo não deve ser proíbido: uma doutrina, que embora primariamente apelativa (nós contra eles, etc - a história mais velha da humanidade), é tão facilmente refutável, deve ser desmascarada e não enterrada.

Proibir é enterrar.
Proibir é recusar o debate.
Permitir e combater (mesmo doutrinas que consideramos incorrectas - para mim: fascismo, corporativismo, nazismo, comunismo, racismo, anti-semitismo, e tantos outros 'ismos' doutrinais) isso sim, permite mostrar a todos as suas contradições, defeitos e misérias.

A proibição que começa com doutrinas extremistas, vai-se estendendo insidiosamente a todas as doutrinas menos uma: cada vez que uma doutrina extremista é proibída, uma outra toma o seu lugar e passará a ser a mais extremista.

Neste caso concreto, viu-se que a extrema direita caceteira, mesmo com todo o auxílio que os media irresponsavelmente lhe deram, e apesar do seu oportunismo ilimitado de um acontecimento mediático (o arrastão de Carcavelos) não conseguiu entusiasmar mais de 1,000 cidadãos (isto pelas contas certamente inflacionadas dos organizadores).

1,000 pessoas erradas não constituem um perigo para o regime democrático, por muito violentas que sejam. A República tem exército, forças de segurança, e tribunais. Até foi bom que esses politicos com ideias erradas tivessem ficado a saber até que ponto as suas ideias são apelativas para a população em geral. Da próxima vez irão certamente moderar o seu oportunismo.

Um perigo muito maior representam adeptos de outros totalitarismos, que às dezenas de milhares desfilaram ainda faz poucos dias pelas ruas de Lisboa. Embora que nem mesmo esses representem um perigo tão grande que não se possa viver com ele.

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