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Sunday, February 11, 2007

 

Agora que o referendo passou...

... já posso dar a minha opinião sobre este assunto. E antes de mais nada, este assunto era um dos assuntos que nunca deveria ir a referendo: uma maioria na AR apenas teria que votar a lei da despenalização e assumir as consequências, positivas e negativas a nível eleitoral. Mas em Portugal já faz muito tempo que não existem políticos desses, se é que alguma vez existiram.
Por outro lado, o nível de abstenção verificado - apesar de menor que em 1998 - indica que a grande maioria dos portugueses (e portuguesas, para alinhar na palhaçada linguística no politicamente correcto) pensa que este não é uma assunto muito importante. E não é. Pese embora o drama pessoal que possa ser para uma mulher uma gravidez não desejada, a decisão de abortar não passa de uma decisão egoísta. Apesar disso, as decisões egoístas são o motor de uma sociedade capitalista e liberal, tal como a defendo.
A minha maior dúvida não era se o aborto deveria ou não ser despenalizado. Nisso não tenho quaisquer dúvidas. Apenas existe uma posição liberal sobre este assunto, e é claro que sim. O que não impede que a decisão de abortar, tal como a grande maioria das decisões egoístas, seja uma decisão desprezível e obviamente condenável. Mas trata-se de uma decisão pessoal, e como tal não é da conta do estado nem do seu aparelho judicial se deve ou não ser punida criminalmente. Mas voltando à minha dúvida, esta prende-se com o que o estado iria fazer com o meu voto positivo. Abortos no SNS? Isso já não posso concordar. Se existirem abortos no SNS, então porque não a distribuição gratuita de heroina ou cocaina - ou de bagaço - para os toxicodependentes. Afinal de contas, trata-se de um problema semelhante: lidar com as consequências de um acto - ou série de actos - irreflectido. Ou porque não acabar com os limites de velocidade nas estradas? Afinal os acidentes, mesmo fatais, apenas têm consequências para o próprio (comparem à mulher), e eventualmente para uma qualquer inocente (comparem ao feto). E poderiamos ir por aí fora.
Posto isto, o meu voto nunca poderia ser pelo sim, nem pelo não. Como se deve sempre votar, votei em branco. Não que tenha servido de alguma coisa, mas em democracia, isso não interessa. A opinião e os interesses de outros são irrelevantes no sentido do voto. Na solidão da cabina apenas conta a nossa própria consciência.

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