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Tuesday, May 03, 2005

 

Cobardias...

Uma questão hoje na berra é a despenalização da interrupção voluntária de gravidez - na sua grafia politicamente correcta - ou liberalização do aborto, em português mais corrente. Alguns comentadores da nossa bem pensante esquerda totalitária (isto é, PCP e BE) pretendem fazer deste assunto uma questão fracturante entre a esquerda e a direita. Nisto mostram algum rigor táctico, até porque os partidos de direita caem que nem uns patinhos na armadilha que lhes é estendida.

Todos sabemos que tanto na esquerda como na direita existem opositores e apoiantes da liberalização do aborto. O que acontece é que, de cada lado, existem poucos que falam, e muitos que gritam.

Esquerda? Direita? Na questão da despenalização do aborto, a divisão pode, sim, colocar-se entre autoritaristas e libertários. Já para não contabilizar os sempre presentes e incontornáveis oportunistas.

Assim como também se pode constatar a enorme e ofuscante cobardia política de todos os partidos, excepto, evidentemente, os irresponsáveis do PCP (não têm qualquer necessidade de assumir responsabilidades, porque como já sabem muito bem, as possibilidades de se tornarem poder são infimas). Nem o inefável Francisco Louçã nem os seus camaradas com o seu moralismo esquerdista de pacotilha mostraram coragem para dispensar o inevitável referendo.

Todos se querem mostrar modernos e paladinos dos direitos das mulheres, mas quando chega ao capítulo dos custos políticos, trata-se sempre de empurrar a factura da decisão para o lado. É para esta exibição de cobardia política que temos uma democracia representativa? Os portugueses fazem muito bem em abster-se nestes referendos. Se os políticos fazem propostas, que arquem com os custos, já que proveitos, estes até são antecipados.

Agora passar a factura de um sim ou de um não ao povo num assunto como este é que não... Porque não levar a pena de morte a referendo, também? E que tal o código da estrada? Impostos? Ordenado mínimo?

O que a partidocracia portuguesa transmite é: nós não queremos assumir a responsabilidade, caro povo. Sejam amigos e tratem de ser responsáveis por nós.

Chega de cobardias. Se os políticos lutam tanto pelo poder, então assumam-no. Não endossem as decisões desagradáveis para referendos populares.

Comments:
Pela minha parte não me importava nada que legislassem sem referendo. Mas o problema é que já houve um referendo em que o não ganhou e era o PS quem estava no governo Na altura decidiu tomar como vinculativo um referendo que não o era. O que deve ter sido um alívio para o Guterres, que como bem sabemos era pelo não. Hoje o Sócrates não tem coragem para mandar o referendo às urtigas e avançar com a lei, por isso vamos mesmo ter de esperar por um referendo. De preferência com uma boa participação.
 
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