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Tuesday, November 15, 2005

 

Insignificâncias Iraquianas

Cada uma destas notícias, por si - uma no Al Hayat, sobre negociações entre grupos sunitas islâmicos e as forças americanas no Iraque, outra Al Sharq Al Awsat sobre protestos de partidos sunitas contra as actuais operações de policiamento em face às anunciadas eleições legislativas - pos si sós não possuem grande significado. Na verdade, cada uma delas limita-se a constatar o óbvio: os sunitas estão sobre grande pressão.

Mas em conjunto traçam um retrato da real situação da insurgência - para utilizar o vocabulário politicamente correcto dos media - no terreno. E as coisas não vão bem. Que aliança táctica entre os sunitas beneficiários do baahtismo e os lunáticos do islamismo wahabita foi um erro estratégico para os primeiros começa já a ser uma evidência. O wahabismo de bin Laden é uma força equiparável - com todas as vantagens e inconvenientes que isso comporta - à seita radical dos ismaelitas adeptos do Velho da Montanha, ou Hassan ibn Sabbah, com indisputadas capacidades para a prossecução de uma estratégia de terror, mas com as mesmas vulnerabilidades face a uma oposição determinada no campo ideológico. Para o ocidente, bin Laden, e o seu wahabismo radical, anunciou-se como uma vingança, mas terminará, provavelmente como um suspiro e sem consequências de maior. Até porque, antes de mais nada, a sua luta já vem muito atrasada no tempo. O que a al-Qaeda quer - com a excepção do segundo holocausto de Israel - não é nada que o ocidente lhe possa hoje proporcionar. Mas, na verdade um segundo - ou terceiro, ou enésimo - holocausto de Israel não passa de uma estratégia lateral para a al-Qaeda, cujos objectivos são - inevitavelmente - mais relacionados com a posse de Mecca e Medina bem como com a afirmação de um orgulho e preponderância ideologico-cultural perdida irremissivelmente séculos atrás. E, por muito que possa ser custoso a todos os nossos apologistas da culpa histórica do colonialismo, nunca voltará a ressurgir.

Voltando ao Iraque, temos assim por um lado 'insurgêntes' com objectivos viáveis - a posse de uma fatia de poder - em aliança com 'insurgêntes' com objectivos irrealistas. O resultado apenas pode ser um. E é desta forma que mais uma vez, bin Laden, - assumindo que ainda está vivo - al Zahwiri, e toda a cúpula da al Qaeda terão os seus objectivos sacrificados no altar candente da realpolitik.

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