Wednesday, June 29, 2005
O aval de Pacheco Pereira
Num poste do Abrupto, Pacheco Pereira, num raro momento de disparate pegado - afinal acontece, até aos melhores - concede o seu aval a todas as trapalhadas, discursos de 'tanga', manipulação jornalistica e, citando, 'governação de baixa qualidade', pelo actual governo da maioria socialista.
Ao pretender desvalorizar estas críticas, classificando-as apressadamente como 'uma forma muito particular de ressentimento', Pacheco Pereira apenas revela o seu próprio ressentimento pelo pretérito governo de Pedro Santana Lopes. Chega... Bater hoje no governo de Santana Lopes tem exactamente o mesmo efeito que chicotear um cavalo morto. Estranhamente, Pacheco Pereira continua a dedicar-se a este desporto esquerdista, após, de acordo com a sua declaração de voto também no Abrupto (e desculpem-me por não ir agora procurar o poste), ter votado nele. Será também uma prova de masoquismo?
Cito, do mesmo poste:
E concluí:
Ao pretender desvalorizar estas críticas, classificando-as apressadamente como 'uma forma muito particular de ressentimento', Pacheco Pereira apenas revela o seu próprio ressentimento pelo pretérito governo de Pedro Santana Lopes. Chega... Bater hoje no governo de Santana Lopes tem exactamente o mesmo efeito que chicotear um cavalo morto. Estranhamente, Pacheco Pereira continua a dedicar-se a este desporto esquerdista, após, de acordo com a sua declaração de voto também no Abrupto (e desculpem-me por não ir agora procurar o poste), ter votado nele. Será também uma prova de masoquismo?
Cito, do mesmo poste:
Os erros, peripécias, asneiras, distracções, do governo anterior iam ao coração do poder, directamente aos lugares cimeiros da governação e eram vistos como extensões da identidade e do estilo dos governantes. Mais: eram potenciados na primeira pessoa, por ditos e eventos, que punham em causa a competência do governo na sua condução central, e encontravam todos os dias novas justificações para que a suspeita de incompetência fosse mais do que isso, mas sim uma realidade.Isto não passa de um aval ao presidencialismo do primeiro ministro: no mínimo uma forma estranha de ler a Constituição da República, desculpável num jornalista, que tem que investigar, distorcer ou inventar notícias para vender papel, mas menos desculpável num político que se diz atento.
E concluí:
A crítica a este governo tem muito por onde se fazer, mas tem uma condição sine qua non para ser eficaz e merecer ser ouvida: a de se demarcar das trapalhadas do governo anterior sem ambiguidades, nem desculpas, nem simetrias.E aqui está a confirmação do aval: qualquer trapalhada que o governo de Pedro Santana Lopes tenha cometido é desde já benzida por Pacheco Pereira, e está acima de qualquer crítica. Aquilo que Santana Lopes fez, Sócrates pode fazer.
Tuesday, June 28, 2005
Duas questões éticas no meu mail...
Mais uma vez recebi um problema filosófico - aliás, um par - no meu mail. Esta já é velha, mas mesmo assim não resisto a fazer a sua transcrição.
Entre esses três candidatos, qual escolheria (responda honestamente)?
Estas são as questões. Agora alguma informação adicional...
Moral: todos acertam na lotaria após a extracção...
DUAS QUESTÕES ÉTICAS...
Primeira questão:
Suponhamos que conhece uma mulher que está grávida, mas que já tem 8 filhos, dos quais 3 são surdos, 2 cegos e um retardado mental. Além disso a mulher tem sífilis. Recomendaria que ela fizesse um aborto?
Responda mentalmente, depois leia a segunda questão.
Segunda questão:
Está na hora de eleger o Presidente do Mundo, e o seu voto é determinante. Os dados dos três principais candidatos:
O candidato A está associado a políticos corruptos e consulta astrólogos. Tem duas amantes. Fuma como uma chaminé e bebe de oito a dez martinis por dia.
O candidato B já foi destituído duas vezes, dorme até ao meio-dia, fumava ópio na escola e bebe um quarto de litro de whisky todas as noites.
O candidato C é um herói de guerra condecorado. É vegetariano, ocasionalmente toma uma cerveja e nunca teve casos extraconjugais.
Entre esses três candidatos, qual escolheria (responda honestamente)?
Estas são as questões. Agora alguma informação adicional...
O candidato A - Franklin D. Roosevelt.
O candidato B - Winston Churchill.
O candidato C - Adolf Hitler.
...e, a propósito:
A respeito da questão do aborto:
Se respondeu "sim", saiba que acaba de matar Beethoven.
Moral: todos acertam na lotaria após a extracção...
Friday, June 24, 2005
E já que se fala de África
De um artigo de Aidan Hartley no Spectator (registo gratuíto necessário):
Exactamente. O pior dos resultados com a melhor das intenções. Onde é que eu já vi isto?...
‘Get off the corruption thing,’ says Bob Geldof. The point is that nobody has got on to it properly yet. Aid-giving nations pretend to be tough on corruption, while African leaders pretend to change. Aid bureaucrats care less about financial probity than the press releases claiming that an economy is on a positive reform track. They are not helping Africa’s young entrepreneurs. By throwing fiscal discipline to the wind and shovelling aid at Africa, the international bureaucrats will fuel a new renaissance in corruption.
Meanwhile, NGOs refuse to focus on corruption because it’s simply not a priority for them. They blame corruption on Western multinationals. Charities are ideological museums stuffed with socialists and anti-globalisation activists. They loathe private enterprise. I sometimes wonder if they would prefer to see Africans stay poor so that aid workers could carry on doing good works for them.
Exactamente. O pior dos resultados com a melhor das intenções. Onde é que eu já vi isto?...
Zimbabwe
Continua a limpeza de opositores de Sua Excelência o Presidente Mugabe no Zimbabwe. Desta vez, num orfanato, de acordo com o Telegraph britânico, num artigo assinado pelo correspondente africano da ITV News.
Thursday, June 23, 2005
Exames
(Não tem qualquer intenção política nem escondida. Simplesmente achei piada.)
Aterrou no meu mail:
Aterrou no meu mail:
"Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer"
Luis de Camões
Ah Camões
Se vivesses hoje em dia
Tomavas uns anti-piréticos
Uns quantos analgésicos
E Xanax ou Prozac para a depressão
Compravas um computador
Consultavas a página do Murcon
E descobririas
Que essas dores que sentias
Esses calores que te abrasavam
Essas mudanças de humor repentinas
Esses desatinos sem nexo
Não eram feridas de amor
Mas somente falta de sexo.
Análise do poema de uma aluna de 16 anos da Escola C+S da Rinchoa
Leituras...
A não perder, um artigo de opinião de Robert Kagan, no Washington Post, sobre a intervenção no Iraque. Um extracto:
Leiam tudo. Via Barcepundit.
Uma entrevista no Wall Street Journal com a sempre combativa Oriana Fallaci. Vem muito a propósito de crimes de pensamento...
Curiosa, também, esta notícia na edição europeia do New York Times, o International Herald Tribune, que reporta confrontos entre facções diferentes da insurgência iraquiana:
Via Tim Blair.
Ainda esta carta hilariante no The Guardian, qualquer que seja o modo de a ler:
Via The Daily Ablution.
E por hoje, é só. O trabalho aperta.
Serious scholars still debate whether the Civil War was necessary, never mind the more obvious "wars of choice" such as World War I, the War of 1812, the Spanish-American War, the Korean War, wars in Vietnam and Kosovo, and the Persian Gulf War. To a certain brand of American isolationist, even World War II was unnecessary and counterproductive. So there is nothing remarkable about polls showing Americans wondering whether the recent Iraq war was "worth it." It is a great American myth, voiced by John Kerry last year, that the nation goes to war only when there is no question about the necessity of going to war.
Leiam tudo. Via Barcepundit.
Uma entrevista no Wall Street Journal com a sempre combativa Oriana Fallaci. Vem muito a propósito de crimes de pensamento...
NEW YORK--Oriana Fallaci faces jail. In her mid-70s, stricken with a cancer that, for the moment, permits only the consumption of liquids--so yes, we drank champagne in the course of a three-hour interview--one of the most renowned journalists of the modern era has been indicted by a judge in her native Italy under provisions of the Italian Penal Code which proscribe the "vilipendio," or "vilification," of "any religion admitted by the state."
In her case, the religion deemed vilified is Islam, and the vilification was perpetrated, apparently, in a book she wrote last year--and which has sold many more than a million copies all over Europe--called "The Force of Reason." Its astringent thesis is that the Old Continent is on the verge of becoming a dominion of Islam, and that the people of the West have surrendered themselves fecklessly to the "sons of Allah." So in a nutshell, Oriana Fallaci faces up to two years' imprisonment for her beliefs--which is one reason why she has chosen to stay put in New York. Let us give thanks for the First Amendment.
Curiosa, também, esta notícia na edição europeia do New York Times, o International Herald Tribune, que reporta confrontos entre facções diferentes da insurgência iraquiana:
U.S. marines watching the skyline from their second-story perch in an abandoned house here saw a curious thing: In the distance, mortar rounds and gunfire popped, but the volleys did not seem to be aimed at them.
In the dark, one marine spoke in hushed code words on a radio, and after a minute found the answer. "Red on red," he said late Sunday night, using a military term for enemy-on-enemy fire.
Via Tim Blair.
Ainda esta carta hilariante no The Guardian, qualquer que seja o modo de a ler:
I am saddened by the unhelpful attitude of John Simpson, editor of the Oxford English Dictionary, for declining to take on board the concerns of the British Potato Council, campaigning for the removal of the term "couch potato" from the dictionary - which is deterring people from making more use of this nutritious vegetable (Couch potato label gives veg a bad name, June 20).
As one who has spent much of his life in the fruit and vegetable business, I can vouch for the fact that there are a great many terms in the English language that give needless pain to the sensitive greengrocer. We deplore derogatory descriptions such as "cabbage head", "prune face", "cauliflower ears". These have a negative impact on our business by making all such produce unattractive. Who is going to buy raspberries if people insist on blowing them?
Even seemingly innocuous terms like "fruity" and "nutty" give grave offence to vegans such as myself. People should show more sensitivity and refrain from all such loose talk.
Jeremy Hart
Buckfastleigh, Devon
Via The Daily Ablution.
E por hoje, é só. O trabalho aperta.
Wednesday, June 22, 2005
O Sampaísmo
Leitura indispensável no Jaquinzinhos:
Só mais esta:
Obrigado, JCD.
Os portugueses são vítimas de um embuste porque não foram convenientemente informados de uma peculiaridade envolvendo os créditos bancários: os empréstimos são para pagar. Para evitar este engano perpetrado pelo grande capital contra as classes menos favorecidas, é desejável que os assalariados sejam obrigados a pagar as casas e os carros a pronto.
Só mais esta:
Se um governo fizer cortes na despesa e mesmo assim as contas públicas não se equilibrarem, então os cortes não valeram a pena e não deveriam ter sido feitos. Tomemos o exemplo de Portugal. Os cortes feitos no tempo de Manuela Ferreira Leite foram exageradíssimos. Como o Constâncio demonstrou, o resultado foi passarmos de um défice com uma casa decimal para um com duas casas. Daqui se comprova que para combater o défice não se podem fazer cortes na despesa. Está mais que óbvio que se os cortes continuam, para o ano estamos nas 3 casas decimais.
Obrigado, JCD.
Dia de LUTA!
Aterrou no meu mail um comunicado do SINTTAV, em PDF, do qual, para ilustração de camaradas mais distraídos, extraí as pérolas seguintes:
Para começar, o habitual apelo à luta...
Após uma breve introdução, com os usuais protestos contra os programas de austeridade actualmente em curso, vem o parágrafo mais enigmático:
Enfim, segue-se mais tanga, os ricos que paguem a crise, etc e tal, apelos a uma manifestação no dia 28 de Junho - terça-feira! Será que pensam que somos todos funcionários públicos, ou delegados sindicais? - em troca da bombástica proclamação:
Para começar, o habitual apelo à luta...
Não podemos aguardar mais, o nível de vida de uma grande maioria dos portugueses tornou-se insuportável. Estão a rebentar com a classe média e com os orçamentos dos trabalhadores portugueses!... que pelo menos apresenta a refrescante novidade de já não falar no proletariado e nas classes trabalhadoras. Hoje em dia, segundo a direcção do SINTTAV, os trabalhadores são da classe média. Temos portanto progressos.
O SINTTAV, à semelhança de todos os sindicatos afectos à CGTP-IN, alerta para a
necessidade urgente de todos os trabalhadores se mobilizarem e saírem à RUA
no DIA 28 DE JUNHO.
Após uma breve introdução, com os usuais protestos contra os programas de austeridade actualmente em curso, vem o parágrafo mais enigmático:
Para que serviram todos os sacrifícios pedidos aos trabalhadores durante, pelo menos, os últimos 15 anos?Ora, ora, deixa ver... 2005 - 15, pois, 1990! Será que a CGTP está com saudades do cavaquismo? Ou terá sido uma distracção involuntária? Aquilo que habitualmente se designa por 'lapso freudiano'?
Enfim, segue-se mais tanga, os ricos que paguem a crise, etc e tal, apelos a uma manifestação no dia 28 de Junho - terça-feira! Será que pensam que somos todos funcionários públicos, ou delegados sindicais? - em troca da bombástica proclamação:
UM DIA DE LUTA PODE SIGNIFICAR A CONQUISTA DE DIREITOS PARA OS PRÓXIMOS ANOS!Assim mesmo em maiúsculas, bold e corpo 14 ou 16. Eternecedora, no entanto, apesar do seu utilitarismo pragmático é a informação vital, no fecho do comunicado, de que:
O Prémio do sorteio de Solidariedade do SINTTAV com o SINTCIE, de CUBA, foi atribuído pela Lotaria do Dia da Mãe (1ª extracção da lotaria clássica de Maio) ao nº 7214, o qual foi adquirido pelo Sindetelco.Tendo estado afastado do movimento sindical desde sempre, interrogo-me de que Cuba se trata. Será o paraíso socialista (para os turistas ocidentais, evidentemente) das Caraíbas, ou Cuba, Alentejo? Inclino-me para a primeira...
Tuesday, June 21, 2005
Após 31 anos de impunidade...
... o castigo merecido. Na CNN.com:
Para uma sociedade mais justa.
Former Klansman Edgar Ray Killen found guilty of three counts of manslaughter in 1964 slayings of three civil rights workers.
Para uma sociedade mais justa.
... e ainda mais manifestação
Ainda a propósito de um poste de Daniel Oliveira, no Barnabé, sobre a tão celebrada manifestação, e de alguns comentários que foram feitos:
Não se pode regular por lei aquilo que as pessoas pensam. Não se pode legislar que ser racista é um crime. Ou melhor, pode-se, mas é tempo perdido. Pode-se no entanto legislar que é um crime agredir pessoas.
Quem se arrisca pelo caminho dos crimes de pensamento está a escolher uma estrada muito perigosa. Uma estrada que, estranhamente, a esquerda radical tanto gosta de trilhar. Porque essa estrada leva sempre ao totalitarismo.
Lutar pela liberdade para exprimir as ideias que nos agradam é fácil, mesmo que possa revelar-se perigoso ou até mortal. Muito mais difícil é lutar pela liberdade para que todos possam exprimir as suas ideias. Além de também mais perigoso. Mas muito mais compensador.
Não nego que o racismo, antes afirmo, para além de repugnante, é intelectualmente ridículo. Por esse mesmo motivo não deve ser proíbido: uma doutrina, que embora primariamente apelativa (nós contra eles, etc - a história mais velha da humanidade), é tão facilmente refutável, deve ser desmascarada e não enterrada.
Proibir é enterrar.
Proibir é recusar o debate.
Permitir e combater (mesmo doutrinas que consideramos incorrectas - para mim: fascismo, corporativismo, nazismo, comunismo, racismo, anti-semitismo, e tantos outros 'ismos' doutrinais) isso sim, permite mostrar a todos as suas contradições, defeitos e misérias.
A proibição que começa com doutrinas extremistas, vai-se estendendo insidiosamente a todas as doutrinas menos uma: cada vez que uma doutrina extremista é proibída, uma outra toma o seu lugar e passará a ser a mais extremista.
Neste caso concreto, viu-se que a extrema direita caceteira, mesmo com todo o auxílio que os media irresponsavelmente lhe deram, e apesar do seu oportunismo ilimitado de um acontecimento mediático (o arrastão de Carcavelos) não conseguiu entusiasmar mais de 1,000 cidadãos (isto pelas contas certamente inflacionadas dos organizadores).
1,000 pessoas erradas não constituem um perigo para o regime democrático, por muito violentas que sejam. A República tem exército, forças de segurança, e tribunais. Até foi bom que esses politicos com ideias erradas tivessem ficado a saber até que ponto as suas ideias são apelativas para a população em geral. Da próxima vez irão certamente moderar o seu oportunismo.
Um perigo muito maior representam adeptos de outros totalitarismos, que às dezenas de milhares desfilaram ainda faz poucos dias pelas ruas de Lisboa. Embora que nem mesmo esses representem um perigo tão grande que não se possa viver com ele.
Não se pode regular por lei aquilo que as pessoas pensam. Não se pode legislar que ser racista é um crime. Ou melhor, pode-se, mas é tempo perdido. Pode-se no entanto legislar que é um crime agredir pessoas.
Quem se arrisca pelo caminho dos crimes de pensamento está a escolher uma estrada muito perigosa. Uma estrada que, estranhamente, a esquerda radical tanto gosta de trilhar. Porque essa estrada leva sempre ao totalitarismo.
Lutar pela liberdade para exprimir as ideias que nos agradam é fácil, mesmo que possa revelar-se perigoso ou até mortal. Muito mais difícil é lutar pela liberdade para que todos possam exprimir as suas ideias. Além de também mais perigoso. Mas muito mais compensador.
Não nego que o racismo, antes afirmo, para além de repugnante, é intelectualmente ridículo. Por esse mesmo motivo não deve ser proíbido: uma doutrina, que embora primariamente apelativa (nós contra eles, etc - a história mais velha da humanidade), é tão facilmente refutável, deve ser desmascarada e não enterrada.
Proibir é enterrar.
Proibir é recusar o debate.
Permitir e combater (mesmo doutrinas que consideramos incorrectas - para mim: fascismo, corporativismo, nazismo, comunismo, racismo, anti-semitismo, e tantos outros 'ismos' doutrinais) isso sim, permite mostrar a todos as suas contradições, defeitos e misérias.
A proibição que começa com doutrinas extremistas, vai-se estendendo insidiosamente a todas as doutrinas menos uma: cada vez que uma doutrina extremista é proibída, uma outra toma o seu lugar e passará a ser a mais extremista.
Neste caso concreto, viu-se que a extrema direita caceteira, mesmo com todo o auxílio que os media irresponsavelmente lhe deram, e apesar do seu oportunismo ilimitado de um acontecimento mediático (o arrastão de Carcavelos) não conseguiu entusiasmar mais de 1,000 cidadãos (isto pelas contas certamente inflacionadas dos organizadores).
1,000 pessoas erradas não constituem um perigo para o regime democrático, por muito violentas que sejam. A República tem exército, forças de segurança, e tribunais. Até foi bom que esses politicos com ideias erradas tivessem ficado a saber até que ponto as suas ideias são apelativas para a população em geral. Da próxima vez irão certamente moderar o seu oportunismo.
Um perigo muito maior representam adeptos de outros totalitarismos, que às dezenas de milhares desfilaram ainda faz poucos dias pelas ruas de Lisboa. Embora que nem mesmo esses representem um perigo tão grande que não se possa viver com ele.
Monday, June 20, 2005
A manifestação
A manifestação da extrema direita do passado sábado, embora com motivações criticáveis, levantou uma onda de protestos dificilmente compreensível. Alguns foram buscar a anti-democrática disposição da remendada Constituição da República proibindo organizações de cariz racista ou fascista - o porquê deste receio, hoje, passados que são 30 anos da revolução, quando os totalitários de esquerda que por aí populam são bem mais perigosos (embora não muito perigosos) para o regime democrático que o punhado de saudosistas envergonhados do Estado Novo não deixa de me intrigar, mas, enfim, adiante - outros preferiram ridicularizar os manifestantes, e outros elogiar a reacção do aparelho de estado.
O que parece mais grave, no entanto, é a decisão de ignorar a questão que lhe está subjacente: independentemente do oportunismo da extrema direita, existe um problema real, e um mal estar geral relativamente às politicas - ou melhor, à sua ausência - de integração de imigrantes na sociedade nacional. Sem dúvida que é muito mais fácil atirar como areia acusações de racismo e xenofobia aos 'olhos' da sociedade e tapar o sol com uma peneira politicamente correcta. Só que essas atitudes não contribuem em nada, antes pelo contrário, para solucionar o problema.
O que parece mais grave, no entanto, é a decisão de ignorar a questão que lhe está subjacente: independentemente do oportunismo da extrema direita, existe um problema real, e um mal estar geral relativamente às politicas - ou melhor, à sua ausência - de integração de imigrantes na sociedade nacional. Sem dúvida que é muito mais fácil atirar como areia acusações de racismo e xenofobia aos 'olhos' da sociedade e tapar o sol com uma peneira politicamente correcta. Só que essas atitudes não contribuem em nada, antes pelo contrário, para solucionar o problema.
Quando não há nada para dizer...
... o melhor é ficar calado! Não é, Ana Gomes?
Thursday, June 16, 2005
Sic
Recebi hoje este mail, que, embora não tendo a acutilância do Jaquinzinhos ou do Semiramis, transcrevo integralmente:
Não que me reveja nesta proposta. Soa um pouco demasiado a comunismo para o meu gosto...
CARTA AO SR PRIMEIRO MINISTRO
2005/05/31 | 18:41Zé d`Almada
Caro Sr. Primeiro-ministro.
Venho por meio desta comunicação manifestar meu total apoio ao seu esforço de modernização do nosso país. Como cidadão comum, não tenho muito mais a oferecer além do meu trabalho, mas já que o tema da moda é Reforma Tributária, percebi que posso definitivamente contribuir mais.
Vou explicar: Na actual legislação, pago na fonte 31% do meu salário (20 para o IRS e 11 para a Segurança Social). Como pode ver, sou um cidadão afortunado. Cada vez que eu, no supermercado, gasto o que o meu patrão me pagou, o Estado, e muito bem, fica com 19% para si (31+19P) Sou obrigado a concordar que é pouco dinheiro para o governo fazer tudo aquilo que promete ao cidadão em tempo de campanha eleitoral. Mas o meu patrão é obrigado a dar ao Estado, e muito bem, mais 23,75% daquilo que me paga para a Segurança Social. E ainda 33% para o Estado (50+23.75+33+6.75).
Além disso quando compro um carro, uma casa, herdo um quadro, registo os meus negócios ou peço uma certidão, o Estado, e muito bem, fica com quase metade das verbas envolvidas no caso.
Minha sugestão, é invertermos os percentuais. A partir do próximo mês autorizo o Governo a ficar com 100% do meu salário. Funcionaria assim: Eu fico com 6.75% limpinhos, sem qualquer ónus mas o Governo fica com as contas de:
-Escola,
-Seguro de Saúde,
-Despesas com dentista,
-Remédios,
-Materiais escolares,
-Condomínio,
-Água,
-Luz,
-Telefone,
-Energia,
-Supermercado,
-Gasolina,
-Vestuário,
-Lazer,
-Portagens,
-Cultura,
-Contribuição Autárquica,
-IVA,
-IRS,
-IRC,
-IVVA
-Imposto de Circulação
-Segurança Social,
-Seguro do carro,
-Inspecção Periódica,
-Taxas do Lixo, reciclagem, esgotos e saneamento
-E todas as outras taxas que nos impinge todos os dias.
-Previdência privada e qualquer taxa extra que por ventura seja repentinamente criada por qualquer dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário.
Um abraço ao Sr. PM e ao Senhor PR e muito boa sorte, do fundo do meu coração!
PS: podemos até negociar o percentual!!!
Não que me reveja nesta proposta. Soa um pouco demasiado a comunismo para o meu gosto...
Menos um...
A CNN reporta, de acordo com o comando militar dos Estados Unidos:
Al Qaeda leader in Mosul captured
Sempre é menos um. A notícia acrescenta ainda que a sua captura foi realizada com base em informações fornecidas por civis:
Obviamente, a CNN completa a notícia reportando atentados cometidos antes durante o dia de hoje, e que já tinham sido previamente noticiados. Será provavelmente a sua forma de assumir uma postura imparcial...
Al Qaeda leader in Mosul captured
Sempre é menos um. A notícia acrescenta ainda que a sua captura foi realizada com base em informações fornecidas por civis:
Talha surrendered to multinational forces in a quiet neighborhood in Mosul, Alston said, after information from Iraqi civilians contributed to his capture. Civilians providing such information indicates they are taking steps against the "increasingly unpopular insurgency," he said.
Obviamente, a CNN completa a notícia reportando atentados cometidos antes durante o dia de hoje, e que já tinham sido previamente noticiados. Será provavelmente a sua forma de assumir uma postura imparcial...
Tuesday, June 14, 2005
A morte de Álvaro Cunhal
Faço integralmente minhas as palavras de João Miranda, no Blasfémias:
Pouco mais há a acrescentar... Excepto que se a coerencia de ideias merece admiração, então vão todos em romaria a Santa Comba Dão dar vivas a Salazar.
Algo de muito errado se passa ...
... quando é preciso explicar que, caso tenham existido contributos de Álvaro Cunhal para a democracia e a liberdade, esses contributos foram acidentais. Foram descuidos que teriam sido rapidamente corrigidos se o PCP tivesse tomado o poder.
Pouco mais há a acrescentar... Excepto que se a coerencia de ideias merece admiração, então vão todos em romaria a Santa Comba Dão dar vivas a Salazar.
Wednesday, June 08, 2005
Nada de novo na frente
Tinha pensado escrever hoje qualquer coisa sobre uma possível reedição do polpotismo no Zimbabwe, mas depois ocorreu-me que mencionar este assunto poderia parecer racista...
Li também recentemente um artigo no The New Republic Online onde se discute uma eventual inflexão na estratégia da al-Qaeda. Não que esteja de acordo: na minha opinião a estratégia da al-Qaeda limita-se a um oportunismo ilimitado dentro da estreita gama de opções que tem disponível com o objectivo de aumentar o seu poder. Mas enfim...
Pensei até escrever um pequeno comentário sobre a Aministia Internacional e a sua mais recente campanha publicitária, recorrendo, de um modo pouco original e ainda menos corajoso ao anti-americanismo, mas Chrenkoff, neste poste, já abordou este assunto muito melhor do que eu alguma vez o poderia fazer.
Restam, claro, astrapalhadas hesitações opiniões plurais no nosso adorado governo, mas João Miranda, no Blasfémias até fez uma lista.
Li, claro, o artigo incomparável de Ana Sá Lopes, no Público, sobre a campanha cor-de-rosa de Carrilho (para os assinantes, descer e escolher "Nós gostaríamos que [o presidente da Câmara de Lisboa] fosse o papá, não é, Dinis?"). Leiam também.
Finalmente o meu filho mais velho comunicou-me ontem a sua preocupação com os efeitos que esta onda de calor poderá ter no cumprimento do [editado - estava PAC, e claro, trata-se do Programa de Estabilidade e Crescimento...] PEC: estava tanto calor que chegou a ver um político a retirar, momentâneamente, as mãos dos bolsos dos contribuintes.
Enfim, nada de novo...
Li também recentemente um artigo no The New Republic Online onde se discute uma eventual inflexão na estratégia da al-Qaeda. Não que esteja de acordo: na minha opinião a estratégia da al-Qaeda limita-se a um oportunismo ilimitado dentro da estreita gama de opções que tem disponível com o objectivo de aumentar o seu poder. Mas enfim...
Pensei até escrever um pequeno comentário sobre a Aministia Internacional e a sua mais recente campanha publicitária, recorrendo, de um modo pouco original e ainda menos corajoso ao anti-americanismo, mas Chrenkoff, neste poste, já abordou este assunto muito melhor do que eu alguma vez o poderia fazer.
Restam, claro, as
Li, claro, o artigo incomparável de Ana Sá Lopes, no Público, sobre a campanha cor-de-rosa de Carrilho (para os assinantes, descer e escolher "Nós gostaríamos que [o presidente da Câmara de Lisboa] fosse o papá, não é, Dinis?"). Leiam também.
Finalmente o meu filho mais velho comunicou-me ontem a sua preocupação com os efeitos que esta onda de calor poderá ter no cumprimento do [editado - estava PAC, e claro, trata-se do Programa de Estabilidade e Crescimento...] PEC: estava tanto calor que chegou a ver um político a retirar, momentâneamente, as mãos dos bolsos dos contribuintes.
Enfim, nada de novo...
Tuesday, June 07, 2005
Liberdade!!! Para as ... lagostas ???
Reporta a BBC, e o vosso amigo PeterBlood imita-a, embora com bastante atraso (a notícia já tem quase um ano), mas que importa? A integridade do do eco-sistema lagostífero da Grã-Bretanha tem que ser protegida a todo o custo!
De acordo com a Lobster Liberation Front (Frente de Libertação das Lagostas), não serão poupados sacrificios, nem serão feitos reféns nesta luta pela libertação:
No entanto, esta fixação nas lagostas parece algo suspeita. Do mesmo comunicado, citamos:
Ora distinguir as lagostas é claramente discriminatório! Então e os pobres caracóis e caracoletas que são cozidos vivos! Sim! Vivos! É necessário atacar as cervejarias, bares, esplanadas e tascas e acabar com este massacre de inocentes.
Avante, camaradas, pela FLCC (Frente de Libertação de Caracois e Caracoletas)!
De um poste no Daily Ablution.
[Update] É de facto ultrajante! Uma pesquisa no Google por 'Snail liberation front' não indica uma única entrada que defenda a libertação dos pobres caracóis! Para adicionar à sua tortura, são adicionados oregãos!
De acordo com a Lobster Liberation Front (Frente de Libertação das Lagostas), não serão poupados sacrificios, nem serão feitos reféns nesta luta pela libertação:
"The war against the lobster industry has begun. We will attack anywhere, at any time."
No entanto, esta fixação nas lagostas parece algo suspeita. Do mesmo comunicado, citamos:
"No animal should be sacrificed for human greed, let alone boiled alive."
Ora distinguir as lagostas é claramente discriminatório! Então e os pobres caracóis e caracoletas que são cozidos vivos! Sim! Vivos! É necessário atacar as cervejarias, bares, esplanadas e tascas e acabar com este massacre de inocentes.
Avante, camaradas, pela FLCC (Frente de Libertação de Caracois e Caracoletas)!
De um poste no Daily Ablution.
[Update] É de facto ultrajante! Uma pesquisa no Google por 'Snail liberation front' não indica uma única entrada que defenda a libertação dos pobres caracóis! Para adicionar à sua tortura, são adicionados oregãos!
Friday, June 03, 2005
O discurso e o discurso de Alberto Martins
Alberto Martins, leader parlamentar do PS, sobre a revisão constitucional visando permitir o referendo ao Tratado Constitucional Europeu:
Alberto Martins, leader parlamentar do PS, sobre a revisão constitucional visando permitir o referendo ao Tratado Constitucional Europeu:
Via Blasfémias.
O objectivo do PS é fazer uma revisão constitucional para criar as condições para fazer um referendo para a apreciação do Tratado Constitucional europeu”, afirmou Alberto Martins, salientando que se trata de “um objectivo muito preciso e cirúrgico (2005-04-20).
Alberto Martins, leader parlamentar do PS, sobre a revisão constitucional visando permitir o referendo ao Tratado Constitucional Europeu:
Infelizmente, o PSD manteve-se fechado a uma revisão de outra natureza. É minimalista. Não há possibilidade de alargar o espaço desta revisão. Lamentamos, mas estamos a trabalhar no sentido de permitir a agilização dos prazos das leis ordinárias [que não necessitam de uma revisão constitucional para ser alteradas].(2005-06-03)
Via Blasfémias.
Crimes de guerra dos imperialistas americanos no Iraque
Thursday, June 02, 2005
O grande desfile da esquerda caviar
É só dar um cliquezito em «Comissão política», e, pela graça de um milagre de tecnologia mal aplicada, é-nos exibida esta lista de esforçados proletários, operários, camponeses, soldados e marinheiros (sempre, sempre ao lado do Povo):
Agora, camaradas e companheiros, todos juntos:
E vamos embargar... embargar... embargar... até o capitalismo enterrar!
Via Grande Loja do Queijo Limiano.
Ana Prata - Professora universitária
Carlos Marques - Engenheiro
Carmo Afonso - Advogada
Daniel Oliveira - Jornalista
Heitor Sousa - Economista
José Fonseca e Costa - Realizador (Mandatário)
José Sá Fernandes - Advogado
Luís Coimbra - Engenheiro
Maria João Freitas - Socióloga
Pedro Soares - Professor Universitário
Raul Hestnes Ferreira - Arquitecto
Agora, camaradas e companheiros, todos juntos:
De pé, oh vítimas da fome
De pé, famélicos da terra
Da idéia o povo já consome
A crosta bruta que a soterra
Cortai o mal bem pelo fundo
De pé, de pé, não mais senhores
Se nada somos em tal mundo
Sejamos tudo, oh produtores
Messias, Deus, Chefes Supremos
Nada esperamos de nenhum
[...]
Oh parasita, deixa o mundo
Oh parasita que te nutres
Do nosso sangue a gotejar
Se nos faltarem os abutres
Não deixa o sol de fulgurar
Bem unidos façamos
Desta luta a final
De uma terra sem amos
A Internacional.
E vamos embargar... embargar... embargar... até o capitalismo enterrar!
Via Grande Loja do Queijo Limiano.
A vingadora de Bruxelas
Pensei bastante antes de escrever este poste. Isto porque tenho eventualmente dedicado demasiado tempo e prosa (reconhecidamente de fraca qualidade, mas enfim, é o que há), à euroburocrata Ana Gomes. Confesso que estou a ficar desconfiado que estou a sofrer de um caso agudo de misogenia. Mas como sou leitor regular do Causa Nossa, e esse blogue não dispõe de caixa de comentários, não consigo resistir à mafarrica tentação de comentar os postes guerreiros da referida senhora...
Depois da democrática fuga para a frente proposta no seu poste de dia 30 de Maio, Ana Gomes, qual Condoleeza Rice de Bruxelas, propõe 'Ignorar a Alemanha', e 'castigar a França'. Caramba, Ana Gomes. Então é que ninguém tirava os franceses do seu não. Qual é a ideia? Colocar Le Pen no lugar de Chirac? Ou estás tão só a ser irónica? Cenouras e paus para os franceses? Onde é que isso encaixa na grandiosa tradição gaullista? O franceses bateriam com a porta, e isso sim, mergulharia a União Europeia numa verdadeira crise profunda.
Já agora, como é que se vai punir a Holanda? Aumentam-se as taxas de importação de ganzas?
Depois da democrática fuga para a frente proposta no seu poste de dia 30 de Maio, Ana Gomes, qual Condoleeza Rice de Bruxelas, propõe 'Ignorar a Alemanha', e 'castigar a França'. Caramba, Ana Gomes. Então é que ninguém tirava os franceses do seu não. Qual é a ideia? Colocar Le Pen no lugar de Chirac? Ou estás tão só a ser irónica? Cenouras e paus para os franceses? Onde é que isso encaixa na grandiosa tradição gaullista? O franceses bateriam com a porta, e isso sim, mergulharia a União Europeia numa verdadeira crise profunda.
Já agora, como é que se vai punir a Holanda? Aumentam-se as taxas de importação de ganzas?