Sunday, November 27, 2005
Parabéns!
Fica aqui um voto de que conte muitos aniverários o blogue Causa Nossa, apesar de todas as divergências...
Keep it rolling. Até porque Ana Gomes vale sempre uma boa gargalhada.
Keep it rolling. Até porque Ana Gomes vale sempre uma boa gargalhada.
Friday, November 18, 2005
Os novos padres
Na Grã-Bretanha têm outros nomes, por cá também todos nós os conhecemos. Para melhor explicitar o fenómeno, leiam este artigo, The age of unreason (o registo gratuíto pode ser necessário) no Spectator. Só como aperitivo:
To this day I am astonished when I hear that sensible, biologically mature adults allow themselves to be treated as if they were incompetent dimwits by a new army of professional surrogate parents. In days of old, traditional authority figures, like priests, instructed us how to behave in public and told us which rules to observe. Today’s experts are even freer with their advice. They do not simply tell us what to do and think, but also how to feel. A new army of life coaches, lifestyle gurus, professional celebrities, parenting coaches, super-nannies, makeover experts, healers, facilitators, mentors and guides regularly lecture us about the most intimate details of our existence. They are not simply interested in monitoring public behaviour but in colonising our internal life.
Wednesday, November 16, 2005
O teste
Scott Burgess, no Daily Ablution estabelece um paralelo interessante entre os 'pacifistas' militantes, candidatos a mártires e rebeldes adolescentes - podendo estes últimos ser ou não de efeito retardado - e até propõe um teste de identificação.
Supondo estes títulos nos media:
De facto. Façam-no voçês mesmos...
Supondo estes títulos nos media:
A NEW ERA DAWNS IN IRAQ
IRAQI INSURGENTS LAY DOWN ARMS, CALL FOR 'PEACEFUL, DEMOCRATIC ELECTIONS' IN DECEMBER
JOY SWEEPS THE COUNTRY; ELECTRICITY, OIL PRODUCTION BACK ON TRACK - FULL RESTORATION SOON
JUBILANT POPULACE CHEERS TROOPS - BUSH, US 'VINDICATED'
[...]
Independent comment-writers, Guardian journalists, anti-war readers and peace marchers: What would your first, emotional response be? A groan, or a cheer?
De facto. Façam-no voçês mesmos...
Pérolas
Vital Moreira, no Cosa Nostra (mesmo no fim do poste, a propósito de uma pretensa campanha anti-governamental):
Partidos e media sérios? Em Portugal? Onde é que eles estão?
E logo o PCP e a TSF...
Como é que partidos e media sérios podem embarcar em mistificações destas?
Partidos e media sérios? Em Portugal? Onde é que eles estão?
E logo o PCP e a TSF...
Nova atracção da Disneyland Paris
Totalitarismo funcional
Ao ler este poste no Blasfémias, apercebi-me que os - supostamentente independentes - tribunais, já para não falar na - assumidamente não independente - Assembleia da República estão a montar cuidasosamente e carinhosamente todos os mecanismos de um estado totalitário. Só falta mesmo é aparecer alguém com a vontade e meios de os utilizar. Algum Chavéz lusitano.
Post mortem
O prometido é devido. E, uns postes/dias atrás, prometi uma análise dos acontecimentos de Paris quando, após a agitação acalmar, esta pudesse trancender o imediatismo da fogueira ardente dos media, e a constatação do óbvio. E, embora a agitação ainda não tenha acalmaldo completamente, o que foi confirmado pela extensão das medidas excepcionais em França, já parece suficientemente controlada para que se possa vislumbrar a sua conclusão.
E apesar disso, vou começar pelo óbvio – talvez porque seja tão evidente que é esquecido – e perguntar porque é que eventos como os que assistimos acontecem? E a resposta, claro, não poderia deixar de ser que acontecem porque são possíveis. O que é possível acontece, o que que não é possível, não.
E, como sempre acontece, uma teia de factos e ideias fez do impensável possível. Alguns comentadores relacionaram –cunhando até a expressão intifada de Paris - os eventos em França com os da Palestina. Existe alguma verdade nisso, mas não nos motivos, antes nas explicações: o apologismo dos media perante o mix de subversão e conformismo – e aqui não está em causa o declarado objectivo final – da luta palestiniana deu um aval tácito a acções do mesmo tipo nos guettos suburbanos das sociedades europeias, e por isso tivemos a oportunidade de, deleitados, assistir a inúmeras explicações centradas na guetização proporcionadas por ‘cientistas’ sociais, que, igualmente deleitados, nos repetiam as nossas culpas históricas, enquanto insistiam em mais do mesmo.
O que falha na explicação, claro, é que todos os conceitos ligados às palavras bonitas que os ‘cientistas’ sociais tanto gostam de utilizar, como dignidade, orgulho, integração e por aí fora são completamete incompatíveis com guetto, por muito estudado, elaborado, e porque não, até luxuoso que este seja. Não que isto signifique não exista saída do guetto. Na verdade, basta querer. Mas a verdade é que melhorar as ‘condições’ do guetto não ajuda em nada aos que sofrem a sua realidade quererem sair dele. Antes pelo contrário. Tal como uma pena de prisão é suposto ser desagradável para ser dissuassiva, assim uma ‘pena’ de guetto deverá ser igualmente desagradável - de preferência perto dos limites do intolerável. Caso contrário não passará de uma condição, sem possibilidade de remissão nem esperança de mudança.
São possíveis sociedades assim, como a história está farta de demonstrar, mas não sociedades compatíveis com as liberdades que nos habituámos a tomar por garantidas. E não são as sociedades que se limitam a despejar – como a França se prepara para fazer – dinheiro sobre os problemas que resolvem estes problemas sociais, que de facto os resolvem. Os problemas sociais devem ser desagradáveis para os que os sofrem: por muito que seja o incorrecto político desta posição. Caso contrário, quem os sofre não vê qualquer motivo para assumir atitudes que os resolvam ou atenuem, e continuará a sua vivência de guetto com explosões ocasionais e inconsequêntes de revolta.
E apesar disso, vou começar pelo óbvio – talvez porque seja tão evidente que é esquecido – e perguntar porque é que eventos como os que assistimos acontecem? E a resposta, claro, não poderia deixar de ser que acontecem porque são possíveis. O que é possível acontece, o que que não é possível, não.
E, como sempre acontece, uma teia de factos e ideias fez do impensável possível. Alguns comentadores relacionaram –cunhando até a expressão intifada de Paris - os eventos em França com os da Palestina. Existe alguma verdade nisso, mas não nos motivos, antes nas explicações: o apologismo dos media perante o mix de subversão e conformismo – e aqui não está em causa o declarado objectivo final – da luta palestiniana deu um aval tácito a acções do mesmo tipo nos guettos suburbanos das sociedades europeias, e por isso tivemos a oportunidade de, deleitados, assistir a inúmeras explicações centradas na guetização proporcionadas por ‘cientistas’ sociais, que, igualmente deleitados, nos repetiam as nossas culpas históricas, enquanto insistiam em mais do mesmo.
O que falha na explicação, claro, é que todos os conceitos ligados às palavras bonitas que os ‘cientistas’ sociais tanto gostam de utilizar, como dignidade, orgulho, integração e por aí fora são completamete incompatíveis com guetto, por muito estudado, elaborado, e porque não, até luxuoso que este seja. Não que isto signifique não exista saída do guetto. Na verdade, basta querer. Mas a verdade é que melhorar as ‘condições’ do guetto não ajuda em nada aos que sofrem a sua realidade quererem sair dele. Antes pelo contrário. Tal como uma pena de prisão é suposto ser desagradável para ser dissuassiva, assim uma ‘pena’ de guetto deverá ser igualmente desagradável - de preferência perto dos limites do intolerável. Caso contrário não passará de uma condição, sem possibilidade de remissão nem esperança de mudança.
São possíveis sociedades assim, como a história está farta de demonstrar, mas não sociedades compatíveis com as liberdades que nos habituámos a tomar por garantidas. E não são as sociedades que se limitam a despejar – como a França se prepara para fazer – dinheiro sobre os problemas que resolvem estes problemas sociais, que de facto os resolvem. Os problemas sociais devem ser desagradáveis para os que os sofrem: por muito que seja o incorrecto político desta posição. Caso contrário, quem os sofre não vê qualquer motivo para assumir atitudes que os resolvam ou atenuem, e continuará a sua vivência de guetto com explosões ocasionais e inconsequêntes de revolta.
Tuesday, November 15, 2005
Insignificâncias Iraquianas
Cada uma destas notícias, por si - uma no Al Hayat, sobre negociações entre grupos sunitas islâmicos e as forças americanas no Iraque, outra Al Sharq Al Awsat sobre protestos de partidos sunitas contra as actuais operações de policiamento em face às anunciadas eleições legislativas - pos si sós não possuem grande significado. Na verdade, cada uma delas limita-se a constatar o óbvio: os sunitas estão sobre grande pressão.
Mas em conjunto traçam um retrato da real situação da insurgência - para utilizar o vocabulário politicamente correcto dos media - no terreno. E as coisas não vão bem. Que aliança táctica entre os sunitas beneficiários do baahtismo e os lunáticos do islamismo wahabita foi um erro estratégico para os primeiros começa já a ser uma evidência. O wahabismo de bin Laden é uma força equiparável - com todas as vantagens e inconvenientes que isso comporta - à seita radical dos ismaelitas adeptos do Velho da Montanha, ou Hassan ibn Sabbah, com indisputadas capacidades para a prossecução de uma estratégia de terror, mas com as mesmas vulnerabilidades face a uma oposição determinada no campo ideológico. Para o ocidente, bin Laden, e o seu wahabismo radical, anunciou-se como uma vingança, mas terminará, provavelmente como um suspiro e sem consequências de maior. Até porque, antes de mais nada, a sua luta já vem muito atrasada no tempo. O que a al-Qaeda quer - com a excepção do segundo holocausto de Israel - não é nada que o ocidente lhe possa hoje proporcionar. Mas, na verdade um segundo - ou terceiro, ou enésimo - holocausto de Israel não passa de uma estratégia lateral para a al-Qaeda, cujos objectivos são - inevitavelmente - mais relacionados com a posse de Mecca e Medina bem como com a afirmação de um orgulho e preponderância ideologico-cultural perdida irremissivelmente séculos atrás. E, por muito que possa ser custoso a todos os nossos apologistas da culpa histórica do colonialismo, nunca voltará a ressurgir.
Voltando ao Iraque, temos assim por um lado 'insurgêntes' com objectivos viáveis - a posse de uma fatia de poder - em aliança com 'insurgêntes' com objectivos irrealistas. O resultado apenas pode ser um. E é desta forma que mais uma vez, bin Laden, - assumindo que ainda está vivo - al Zahwiri, e toda a cúpula da al Qaeda terão os seus objectivos sacrificados no altar candente da realpolitik.
Mas em conjunto traçam um retrato da real situação da insurgência - para utilizar o vocabulário politicamente correcto dos media - no terreno. E as coisas não vão bem. Que aliança táctica entre os sunitas beneficiários do baahtismo e os lunáticos do islamismo wahabita foi um erro estratégico para os primeiros começa já a ser uma evidência. O wahabismo de bin Laden é uma força equiparável - com todas as vantagens e inconvenientes que isso comporta - à seita radical dos ismaelitas adeptos do Velho da Montanha, ou Hassan ibn Sabbah, com indisputadas capacidades para a prossecução de uma estratégia de terror, mas com as mesmas vulnerabilidades face a uma oposição determinada no campo ideológico. Para o ocidente, bin Laden, e o seu wahabismo radical, anunciou-se como uma vingança, mas terminará, provavelmente como um suspiro e sem consequências de maior. Até porque, antes de mais nada, a sua luta já vem muito atrasada no tempo. O que a al-Qaeda quer - com a excepção do segundo holocausto de Israel - não é nada que o ocidente lhe possa hoje proporcionar. Mas, na verdade um segundo - ou terceiro, ou enésimo - holocausto de Israel não passa de uma estratégia lateral para a al-Qaeda, cujos objectivos são - inevitavelmente - mais relacionados com a posse de Mecca e Medina bem como com a afirmação de um orgulho e preponderância ideologico-cultural perdida irremissivelmente séculos atrás. E, por muito que possa ser custoso a todos os nossos apologistas da culpa histórica do colonialismo, nunca voltará a ressurgir.
Voltando ao Iraque, temos assim por um lado 'insurgêntes' com objectivos viáveis - a posse de uma fatia de poder - em aliança com 'insurgêntes' com objectivos irrealistas. O resultado apenas pode ser um. E é desta forma que mais uma vez, bin Laden, - assumindo que ainda está vivo - al Zahwiri, e toda a cúpula da al Qaeda terão os seus objectivos sacrificados no altar candente da realpolitik.
Monday, November 14, 2005
Desmontar a grande mentira
Pode não parecer fácil, principalmente quando a grande mentira é: «Bush mentiu». Mas Norman Podhoretz desmonta-a minuciosamente neste editorial do Wall Street Journal. É longo, mas vale a pena.
Novo dicionário de Português
Aterrou no mail:
Otário - (Subs.) indivíduo que defende com ardor, mas sem argumentos, a construção do Aeroporto da Ota.
Otário - (Subs.) indivíduo que defende com ardor, mas sem argumentos, a construção do Aeroporto da Ota.
Saturday, November 12, 2005
Mais uma baixa na blogosfera...
Aparentemente, o BdE morreu. Já nem apagam o spam da Brigada Bigornas. É pena. Não que os seus pontos de vista sejam particularmente originais. Podemos todos os dias ler, ouvir e até ver exactamente o mesmo nos media. Mas é sempre triste que um blogue tão prolífico termine tão tristemente a sua vida.
Desmontar Fallujah
Uns dias trás, fomos bombardeados com mais uma denúncia dos crimes de guerra americanos no Iraque, desta vez a propósito da utilização de armas quimicas no ataque a Fallujah.
Já sabemos que a generalidade dos media aceitam acriticamente qualquer bujarda infundada, desde que seja devidamente anti-americana. As minhas dúvidas começaram ao visualizar fotografias de supostos civis supostamente incinerados com napalm no site uruknet.info. Achei desde logo estranho que a roupa de pessoas incineradas por napalm estivesse intacta. Aparentemente não fui apenas eu, porque rapidamente a história mudou da utilização de napalm para a utilização de fósforo branco (que pode ser um agente incendiário, ou para iluminação do campo de batalha) como arma quimica. Acontece que, embora o fósforo branco possa ser utilizado como agente incendiário, é habitualmente apenas utilizado para gerar fumos de camuflagem. Estes fumos são tóxicos, mas apenas ao nível de provocarem irritações cutâneas, e inflamação nas mucosas. Quanto ao aspecto dos cadáveres, sem dúvida que não é muito bom, mas imagine-se a acção de micro-organismos ao fim de uns dias ao ar livre e num clima quente como o do Iraque...
Mas a RAI foi mais longe, e arranjou um tal Jeff Englehart como testemunho directo. Acontece que este nosso herói pacifista não tomou parte nos combates de Fallujah. Nem sequer tem a certeza de que tenha sido utilizado napalm, e identifica, erradamente o fósforo branco como uma arma quimica:
Leia-se o que diz a GlobalSecurity.org, e que a BBC confirma sobre o fósforo branco:
Os meus agradecimentos aos blogues Daily Ablution (aqui, aqui, aqui e aqui) e Stockholm Spectator (muitos postes, a partir deste).
Já sabemos que a generalidade dos media aceitam acriticamente qualquer bujarda infundada, desde que seja devidamente anti-americana. As minhas dúvidas começaram ao visualizar fotografias de supostos civis supostamente incinerados com napalm no site uruknet.info. Achei desde logo estranho que a roupa de pessoas incineradas por napalm estivesse intacta. Aparentemente não fui apenas eu, porque rapidamente a história mudou da utilização de napalm para a utilização de fósforo branco (que pode ser um agente incendiário, ou para iluminação do campo de batalha) como arma quimica. Acontece que, embora o fósforo branco possa ser utilizado como agente incendiário, é habitualmente apenas utilizado para gerar fumos de camuflagem. Estes fumos são tóxicos, mas apenas ao nível de provocarem irritações cutâneas, e inflamação nas mucosas. Quanto ao aspecto dos cadáveres, sem dúvida que não é muito bom, mas imagine-se a acção de micro-organismos ao fim de uns dias ao ar livre e num clima quente como o do Iraque...
Mas a RAI foi mais longe, e arranjou um tal Jeff Englehart como testemunho directo. Acontece que este nosso herói pacifista não tomou parte nos combates de Fallujah. Nem sequer tem a certeza de que tenha sido utilizado napalm, e identifica, erradamente o fósforo branco como uma arma quimica:
From the US military? Um - yeah absolutely. Uh, white phosphorus. Uh, possibly napalm. It may have or may not have been used, I don't know. I do know that white phosphorus was used, which is definitely, without a shadow of a doubt, a chemical weapon.
Leia-se o que diz a GlobalSecurity.org, e que a BBC confirma sobre o fósforo branco:
The Battle of Fallujah was conducted from 8 to 20 November 2004 with the last fire mission on 17 November. The battle was fought by an Army, Marine and Iraqi force of about 15,000 under the I Marine Expeditionary Force (IMEF). US forces found WP to be useful in the Battle of Fallujah. "WP proved to be an effective and versatile munition. We used it for screening missions at two breeches and, later in the fight, as a potent psychological weapon against the insurgents in trench lines and spider holes when we could not get effects on them with HE. We fired “shake and bake” missions at the insurgents, using WP to flush them out and HE to take them out. ... We used improved WP for screening missions when HC smoke would have been more effective and saved our WP for lethal missions."
White phosphorus is not banned by any treaty to which the United States is a signatory. Smokes and obscurants comprise a category of materials that are not used militarily as direct chemical agents. The United States retains its ability to employ incendiaries to hold high-priority military targets at risk in a manner consistent with the principle of proportionality that governs the use of all weapons under existing law. The use of white phosphorus or fuel air explosives are not prohibited or restricted by Protocol II of the Certain Conventional Weapons Convention (CCWC), the Convention on Prohibitions or Restrictions on the Use of Certain Conventional Weapons which may be Deemed to be Excessively Injurious or to have Indiscriminate Effects.
Os meus agradecimentos aos blogues Daily Ablution (aqui, aqui, aqui e aqui) e Stockholm Spectator (muitos postes, a partir deste).
Thursday, November 10, 2005
A Rosa-de-Neve e os 4.5 biliões
Há muito, muito tempo, num reino muito distante, vivia uma bela e jovem princesa, de seu nome Rosa-de-Neve. A Rosa-de-Neve vivia muito feliz, sem se aperceber que essa felicidade da distribuição partilha era apenas sustentada pelos restos do tesouro real, cada vez mais diminuto.
E o tesouro foi sempre diminuindo até que o rei seu pai, já viuvo, se viu forçado a contrair um matrimónio por interesse com uma tal de Dona Banca, que detinha uma fortuna de muitos milhões. Mal sabia o velho rei, e menos ainda a sua generosa filha, que esta Dona Banca, apesar de muito rica - ou talvez por isso mesmo - era extremamente sovina, e não costumava dar ponto sem nó. No entanto Rosa-de-Neve nunca se apercebeu verdadeiramente disso porque o velho rei tinha o cuidado de proteger a sua doce inocência.
E assim, Rosa-de-Neve continuou despreocupada até que um dia o velho reiperdeu as eleições morreu. Foi então que a pobre Rosa-de-Neve sentiu verdadeiramente toda a maldade da sua madrastra. Não que a sua vida tenha ficado mais pobre: a rainha, Dona Banca até a cobria de cartões de crédito prendas, tendo no entanto o péssimo hábito de anotar todas as suas doações. Até que um dia Rosa-de-Neve não pôde mais e fugiu do seu belo palácio para a floresta.
Rosa-de-Neve não se assustou muito, osactivistas da Quercus animais eram seus amigos, já para não falar dos setecentos mil funcionários públicos anões que aí habitavam. E Rosa-de-Neve voltou à sua vida de despreocupação, agora alegremente alimentada pelas contribuições para a Segurança Social e impostos pela mina de diamantes dos setecentos mil funcionários públicos anões.
Mas a má sorte não abandonava a Rosa-de-Neve. Em cada noite, ao voltarem para a cabana na floresta, os anões repetiam a Rosa-de-Neve que os diamantes estavam quase a ponto de se esgotar. E tanto o repetiram que as suas lamúrias chegaram aos ouvidos da malvada Dona Banca. Esta não tinha desistido de dominar a bela Rosa-de-Neve debaixo do seuplutocrático tirânico tacão, e assim traçou o seu plano. Disfarçada de presidente do conselho de administração pedinte, cozinhou o seu mais belo fundo de pensões fruto numa tentadora calda de 4.5 biliões de euros doçe mas envenenada com o pagamento futuro das pensões dos seus bancários um potente narcótico.
Escusado será dizer, que a Rosa-de-Neve, incapaz de resistir ao poderoso apelode 4.5 biliões de euros da fruta em calda doçe, devorou o fundo de pensões a fruta envenenada e caiu imediatamente num sono profundo. Dona Banca verificou que Rosa-de-Neve estava profundamente adormecida e então exclamou: «Dorme, dorme, minha querida, que quando acordares é que vais ver!»
E o tesouro foi sempre diminuindo até que o rei seu pai, já viuvo, se viu forçado a contrair um matrimónio por interesse com uma tal de Dona Banca, que detinha uma fortuna de muitos milhões. Mal sabia o velho rei, e menos ainda a sua generosa filha, que esta Dona Banca, apesar de muito rica - ou talvez por isso mesmo - era extremamente sovina, e não costumava dar ponto sem nó. No entanto Rosa-de-Neve nunca se apercebeu verdadeiramente disso porque o velho rei tinha o cuidado de proteger a sua doce inocência.
E assim, Rosa-de-Neve continuou despreocupada até que um dia o velho rei
Rosa-de-Neve não se assustou muito, os
Mas a má sorte não abandonava a Rosa-de-Neve. Em cada noite, ao voltarem para a cabana na floresta, os anões repetiam a Rosa-de-Neve que os diamantes estavam quase a ponto de se esgotar. E tanto o repetiram que as suas lamúrias chegaram aos ouvidos da malvada Dona Banca. Esta não tinha desistido de dominar a bela Rosa-de-Neve debaixo do seu
Escusado será dizer, que a Rosa-de-Neve, incapaz de resistir ao poderoso apelo
Delírios
Depois de tomar uma coluna de opinião cobarde - nem sequer foi assinada - no New York Times, esse monumento de isenção jornalistica, internacionamente famoso por empregar jornalistas que inventam notícias de qualidade, pela confirmação da sua visão Mooreiana do mundo, Ana Gomes lança-se que nem uma leoa na defesa de Paulo Pedroso, ilibado no processo Casa Pia por questões técnicas. E promete que «Paulo Pedroso vai ser um dia Primeiro Ministro de Portugal», para logo retomar a velha tese da conspiração de Ferro Rodrigues em dois postes fulgurantes.
Talvez os apoiantes de Paulo Pedroso, a começar pelo seu advogado, e a terminar nos seus camaradas de partido fizessem melhor em manter um low profile. Pelo que subentendi do Jornal da Sic de hoje, Pedroso foi ilibado mais por incompetência do Ministério Público que pela transparência da sua inocência.
Talvez os apoiantes de Paulo Pedroso, a começar pelo seu advogado, e a terminar nos seus camaradas de partido fizessem melhor em manter um low profile. Pelo que subentendi do Jornal da Sic de hoje, Pedroso foi ilibado mais por incompetência do Ministério Público que pela transparência da sua inocência.
A melhor cobertura dos acontecimentos de Paris
Embora não sendo a mais rigorosa, longe disso, sem dúvida que é a mais engraçada:
French Shower of News
VILLEPIN URGES PROTESTORS: "NOT THE FACE"
French Film Star Le Pew Injured in Paris Cat Riots
Tudo no Iowahawk.
French Shower of News
VILLEPIN URGES PROTESTORS: "NOT THE FACE"
French Film Star Le Pew Injured in Paris Cat Riots
Tudo no Iowahawk.
Wednesday, November 09, 2005
Irão nuclear, porque não?
Serve esta para recomendar a leitura atenta desta peça no The Spectator, e que subscrevo. Só um aperitivo:
Leiam tudo.
And what would be the real effects of regime change? The people of Iran have been crawling towards true democracy and the rule of law. A war would radicalise them, and the whole nation would turn against the West. The hatred would last for generations. Every Muslim country, every ‘rogue state’ would rush to acquire nuclear weapons to prevent it happening to them. China, which relies on Iran for roughly 11 per cent of its energy supplies, would be furious, and any further action through the UN would be jeopardised.
Leiam tudo.
Olha que pena...
A polícia indonésia diz ter morto o cabecilha do grupo responsável pelo ataque bombista de Bali, Azahari Husin, num tiroteio, reporta o Sydney Morning Herald.
Indonesian police have reportedly killed the ringleader of the 2002 Bali bombings, Azahari Husin, in a shootout in the Central Java town of Batu.
A member of anti-terrorist squad Detachment 88 confirmed two terrorist suspects had been killed in a raid yesterday afternoon. "One has the physical characteristics of Azahari, now we are identifying him," he said.
There were conflicting reports last night about whether Azahari had been killed by gunfire or blown himself up as police approached.
Na mouche
As presidenciais
Alguém, não sei quem, terá dito que o cerne da política é a escolha entre várias opções, todas más. Cai-me este labéu que nem um fato confeccionado à medida, ou alternativamente, uns ténis confortáveis e uns jeans Levis, estes últimos mais de acordo com a minha limitada carteira.
De facto, não me revejo em nenhum dos candidatos, todos à esquerda, todos estatistas convictos: Cavaco Silva (social-democrata), Mário Soares (oscilando entre o social-democrata e a esquerda lunática), Manuel Alegre (esquerda inconsequente), Jerónimo de Sousa (esquerda totalitária) e Francisco Louçã (esquerda assumidamente lunática). Também no passeio na Avenida da Liberdade aquando da reeleição de Mário Soares não me consegui rever na direita caceteira e populista de Basílio Horta (Era este? Acho que sim...), Manuel Monteiro, Paulo Portas e Companhia, e, quebrando uma das minhas regras de conduta cívica nem sequer me dei ao trabalho de ir votar, pela primeira e (até agora) última vez. Ainda hoje não me consigo rever nessa direita, e provavelmente nunca conseguirei. Traumas de infância, talvez. Já sofri a minha dose de salazarismo serôdio - não consigo evitar o pleonasmo - nos bancos das escola do Estado Novo.
Na boa tradição da lamúria nacional, «o mal deste país é que não existe uma direita moderna e liberal» - fim de lamúria - ou se existe, anda muito ocupada a fazer pela vida - no bom sentido, claro, e como eu os compreendo, pudera, também ando ao mesmo - ou já emigrou para os Estados Unidos, para a Grã-Bretanha, para a Irlanda ou qualquer outro desses - infelizmente - raros infernos neo-liberais.
E como não existe verdadeiramente alternativa - eu até votava, sei lá, no João Miranda, se ele fosse candidato - lá irei votar, vencido, mas não convencido, em Cavaco Silva. Que apesar de ser de esquerda - e não me interessa o que dizem os profetas do putativo fássismo nas Cosas Nostras ou lá o que é - é, apesar de tudo, o que afirma uma visão da sociedade mais próxima da minha.
De facto, não me revejo em nenhum dos candidatos, todos à esquerda, todos estatistas convictos: Cavaco Silva (social-democrata), Mário Soares (oscilando entre o social-democrata e a esquerda lunática), Manuel Alegre (esquerda inconsequente), Jerónimo de Sousa (esquerda totalitária) e Francisco Louçã (esquerda assumidamente lunática). Também no passeio na Avenida da Liberdade aquando da reeleição de Mário Soares não me consegui rever na direita caceteira e populista de Basílio Horta (Era este? Acho que sim...), Manuel Monteiro, Paulo Portas e Companhia, e, quebrando uma das minhas regras de conduta cívica nem sequer me dei ao trabalho de ir votar, pela primeira e (até agora) última vez. Ainda hoje não me consigo rever nessa direita, e provavelmente nunca conseguirei. Traumas de infância, talvez. Já sofri a minha dose de salazarismo serôdio - não consigo evitar o pleonasmo - nos bancos das escola do Estado Novo.
Na boa tradição da lamúria nacional, «o mal deste país é que não existe uma direita moderna e liberal» - fim de lamúria - ou se existe, anda muito ocupada a fazer pela vida - no bom sentido, claro, e como eu os compreendo, pudera, também ando ao mesmo - ou já emigrou para os Estados Unidos, para a Grã-Bretanha, para a Irlanda ou qualquer outro desses - infelizmente - raros infernos neo-liberais.
E como não existe verdadeiramente alternativa - eu até votava, sei lá, no João Miranda, se ele fosse candidato - lá irei votar, vencido, mas não convencido, em Cavaco Silva. Que apesar de ser de esquerda - e não me interessa o que dizem os profetas do putativo fássismo nas Cosas Nostras ou lá o que é - é, apesar de tudo, o que afirma uma visão da sociedade mais próxima da minha.
Integração
Este mapa mostra que as comunidades imigrantes, ao contrário daquilo que é voz corrente nos media, se encontram excelentemente integradas em França.
Mapa via Tim Blair.
Com uma dedicatória para OzymandiasChirac
I MET a Traveler from an antique land,
Who said, "Two vast and trunkless legs of stone
Stand in the desart. Near them, on the sand,
Half sunk, a shattered visage lies, whose frown,
And wrinkled lip, and sneer of cold command,
Tell that its sculptor well those passions read,
Which yet survive, stamped on these lifeless things,
The hand that mocked them and the heart that fed:
And on the pedestal these words appear:
"My name is OZYMANDIAS, King of Kings."
Look on my works ye Mighty, and despair!
No thing beside remains. Round the decay
Of that Colossal Wreck, boundless and bare,
The lone and level sands stretch far away.
Shelley
Who said, "Two vast and trunkless legs of stone
Stand in the desart. Near them, on the sand,
Half sunk, a shattered visage lies, whose frown,
And wrinkled lip, and sneer of cold command,
Tell that its sculptor well those passions read,
Which yet survive, stamped on these lifeless things,
The hand that mocked them and the heart that fed:
And on the pedestal these words appear:
"My name is OZYMANDIAS, King of Kings."
Look on my works ye Mighty, and despair!
No thing beside remains. Round the decay
Of that Colossal Wreck, boundless and bare,
The lone and level sands stretch far away.
Shelley
Tuesday, November 08, 2005
Respeito pelos direitos das minorias
É o que pede ao estado françês esse campeão da liberdade e defensor dos direitos dos oprimidos, a República Islâmica do Irão. De acordo com o Nouvel Observateur:
Diz o roto aonú vestido: Porque não te vestes despes tú?
"Nous espérons que le gouvernement français respectera les droits de son peuple et répondra à ses demandes pacifiquement, et que nous n'assisterons pas à la violation des droits de l'Homme dans ce pays", a déclaré le porte-parole du ministère des Affaires étrangères, Hamid Reza Assefi, devant la presse.
Il a déclaré que l'Iran était "inquiet" de la situation en France et a ajouté que "le gouvernement français et la police devaient traiter leurs minorités avec respect".
Diz o roto ao
Travel Advice
No Foreign & Commomwealth Office Britânico, referente a França:
Não é Bagdad, não é New Orleans, é Paris mesmo...
[Update] Mais no Libération:
Sempre os mesmos. Mais preocupados com a imagem internacional de La France que com o problema real dos seus cidadãos, que têm o direito à protecção da sua propriedade e integridade física.
Serious and violent disturbances, during which buildings and vehicles have been set on fire and missiles, including stones, petrol bombs and tear gas canisters thrown, continue to affect several Paris suburbs and a large number of other towns and cities throughout mainland France. In Paris, the violence has mainly affected the Seine-Saint-Denis area in the north east of the city but disturbances have also occurred other areas including the Val d’Oise, Yvelines, Hauts-de-Seine, Seine-et-Marne, Val-de-Marne, Essone, Evreux and Aulnay-sous-Bois. In one of the most serious incidents to date, shots, believed to have come from shotguns, were fired at police in the town of Grigny, south of Paris, injuring two policemen. If you need to visit or transit any of the affected areas you are advised to be extremely vigilant and to avoid any demonstrations which may be taking place in and around the area. You should also be aware that in the present circumstances disturbances could occur almost anywhere.
Não é Bagdad, não é New Orleans, é Paris mesmo...
[Update] Mais no Libération:
Reste que ces reportages sur les banlieues en feu, qui tournent en boucle sur la plupart des chaînes mondiales, portent un sacré coup à l'image de la douce France, première destination touristique mondiale avec 75 millions de visiteurs étrangers par an, dont la moitié à Paris. Les touristes peuvent continuer à venir en France «sans risque», assurait hier le ministre du Tourisme, Léon Bertrand. Après les Russes et les Américains ce week-end, les Japonais, les Australiens et les Britanniques ont mis hier en garde leurs compatriotes.
Sempre os mesmos. Mais preocupados com a imagem internacional de La France que com o problema real dos seus cidadãos, que têm o direito à protecção da sua propriedade e integridade física.
Resultados inesperados.
Mark Stein no Chicago Sunday Times:
Alguns países não aprenderam nada com Munique.
Link via Best of the Web Today.
The notion that Texas neocon arrogance was responsible for frosting up trans-Atlantic relations was always preposterous, even for someone as complacent and blinkered as John Kerry. If you had millions of seething unassimilated Muslim youths in lawless suburbs ringing every major city, would you be so eager to send your troops into an Arab country fighting alongside the Americans? For half a decade, French Arabs have been carrying on a low-level intifada against synagogues, kosher butchers, Jewish schools, etc. The concern of the political class has been to prevent the spread of these attacks to targets of more, ah, general interest. They seem to have lost that battle. Unlike America's Europhiles, France's Arab street correctly identified Chirac's opposition to the Iraq war for what it was: a sign of weakness.
Alguns países não aprenderam nada com Munique.
Link via Best of the Web Today.
Regresso às aulas...
... impede a solução dos engarrafamentos no periférico. Apenas 426 automóveis queimados na última noite em Paris, reporta a Reuters:
En revanche, en région parisienne, le nombre de véhicules brûlés est retombé à 426 contre 741 la veille et 656 dans la nuit de vendredi à samedi. A Paris même, il y a eu 18 incendies de véhicules, au lieu de 35 la nuit précédente.
Monday, November 07, 2005
Cobertura dos eventos de Paris na blogosfera
Muito boa no No Passaran. Também a ler O Insurgente, mais perto.
Quanto a mim: posso ser libertário, mas a verdade é que um leviathan é necessário. Não posso deixar de reconhecer, por muito que isso me desagrade, a necessidade de um estado. E, se algum contrato social existe, é que o estado é, antes de mais nada, um fornecedor de protecção contra violência em troca de dinheiro, um pouco ao modo das máfias. Numa sociedade democrática, temos alguns privilégios adicionais, tais como a oportunidade de escolher quem serão os padrinhos, os capos e por aí fora.
Dada uma situação como a actual em França, a única opção que o governo françês tem é usar da força necessária para repor a ordem. É isso que a grande maioria dos cidadãos esperam - e necessitam. Esta é a tarefa mais urgente, e por isso é difícil perceber as hesitações deste últimos dias. Quando rebentaram os motins em Los Angeles, um presidente democrata, Bill Clinton, não hesitou tanto para enviar a Guarda Nacional (exército territorial) para repôr a ordem. O estado arroga-se ao monopólio da violência: que utilize essa violência quando uma minoria que apenas se representa a si própria utiliza violência indiscriminada para descarregar as suas frustrações.
Os jornais titulam 'A Intifada'. E é isso mesmo. Em Paris, tal como na Palestina, frustrações acumuladas explodem numa onda de violência indiscriminada e sem qualquer objectivo. Resta lembrar que, muito embora estas ondas de violência insensata nasçam sem qualquer objectivo concreto, habitualmente não tarda muito até aparecer alguém que as pretende - e muitas vezes consegue - manipular.
Quanto aos motivos, após a resolução do imediato, existirá muito tempo para efectuar o necessário post mortem. A maioria são óbvios, mas, quanto a mim, o que verdadeiramente conduziu ao empolar da situação foi a mentalidade politicamente motivada na maioria dos media, que mal conseguem esconder a sua satisfação com os eventos, e a simpatia que sentem pelos seus perpretadores.
Quanto a mim: posso ser libertário, mas a verdade é que um leviathan é necessário. Não posso deixar de reconhecer, por muito que isso me desagrade, a necessidade de um estado. E, se algum contrato social existe, é que o estado é, antes de mais nada, um fornecedor de protecção contra violência em troca de dinheiro, um pouco ao modo das máfias. Numa sociedade democrática, temos alguns privilégios adicionais, tais como a oportunidade de escolher quem serão os padrinhos, os capos e por aí fora.
Dada uma situação como a actual em França, a única opção que o governo françês tem é usar da força necessária para repor a ordem. É isso que a grande maioria dos cidadãos esperam - e necessitam. Esta é a tarefa mais urgente, e por isso é difícil perceber as hesitações deste últimos dias. Quando rebentaram os motins em Los Angeles, um presidente democrata, Bill Clinton, não hesitou tanto para enviar a Guarda Nacional (exército territorial) para repôr a ordem. O estado arroga-se ao monopólio da violência: que utilize essa violência quando uma minoria que apenas se representa a si própria utiliza violência indiscriminada para descarregar as suas frustrações.
Os jornais titulam 'A Intifada'. E é isso mesmo. Em Paris, tal como na Palestina, frustrações acumuladas explodem numa onda de violência indiscriminada e sem qualquer objectivo. Resta lembrar que, muito embora estas ondas de violência insensata nasçam sem qualquer objectivo concreto, habitualmente não tarda muito até aparecer alguém que as pretende - e muitas vezes consegue - manipular.
Quanto aos motivos, após a resolução do imediato, existirá muito tempo para efectuar o necessário post mortem. A maioria são óbvios, mas, quanto a mim, o que verdadeiramente conduziu ao empolar da situação foi a mentalidade politicamente motivada na maioria dos media, que mal conseguem esconder a sua satisfação com os eventos, e a simpatia que sentem pelos seus perpretadores.
Friday, November 04, 2005
Uns dias fora...
... entre os problemas com a Netcabo em casa, e uma acção de formação profissional, não me tem sido possível colocar os comentários que gostaria. E, sem dúvida que têm aparecido muitas notícias merecedoras de comentários. Como por exemplo, os motins suburbanos em Paris, sobre os quais muito haveria que escrever, até porque também em algumas das zonas suburbanas de Lisboa existem condições semelhantes. Mas terá que ficar para uma próxima oportunidade.